terça-feira, 22 de setembro de 2009

Papel, Grude e “Morte e Vida”



Criar um cenário requer muito trabalho de pesquisa, elaboração de conceito e boa execução, tornar real aquilo que foi criado da maneira que tiver que ser...
Quando concebi a cenografia do espetáculo “Morte e Vida” direção Celmar Ataídes Junior, trabalho de conclusão da Universidade Federal de Ouro Preto, mal sabíamos que o dinheiro para cenografia seria pouco (falta de planejamento) então para resolver o empapelamento do painel de fundo tivemos que recorrer ao velho e bom grude. Embora seja uma técnica antiga e com bom histórico tive a oportunidade de descobrir que para empapelamento era lamentável.
A parte do cenário feita de grude desmanchou em nossa primeira viagem e uma parte da cenografia teve que ser reconstruída minutos antes do espetáculo.


Adoro esse cenário, o acho belo! As pessoas que o viram em São Vicente de Minas quase nem lembram da peça, mas lembram que durante um dia havia uma estrutura gigante no meio da cidade, pude constatar isso um ano depois quando estava fazendo o percurso da estrada Real e ao comentar na cidade que havia passado por lá com um espetáculo um morador disse olhando para o alto e sinalizando com as mãos “Aquele grande aqui da praça?”

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Woyzeck
(Georg Buchner)


“Admiramos muitas peças e muitas personagens, reconhecemos intelectualmente a genialidade de muitas obras. A Woyzeck, ama-se, como a um semelhante. Sem ser profeta, pode-se imaginar que, no futuro ele encarnará uma nova mitologia a mitologia do nosso tempo”
Sábato Magaldi

Cenografia – Carolina Panini - 2005
Direção Emerson Antunes
Professores Orientadores – Adyr Assumpção e Nina Caetano





Concepção Cenográfica com eixo no contraste de linguagens, o clássico altar barroco sobre uma estrutura rústica e suja.

Descrição Cenográfica

- Substituindo a rotunda uma cortina de trama de taquara, típica da região de Lavras Novas – MG. Essa cortinha além de compor a imagem cênica era utilizada como elemento épico servindo como uma forma de distanciamento, já que o ator quando atrás dela se desnudava da personagem.
- Um altar barroco, inspirado no da Igreja Nossa Senhora do Rosário em Ouro Preto – MG. Sobre uma estrutura rústica representando a sujeira e o lixo que está por detrás do belo. Fortalecendo a hipocrisia que rodeia o universo de Woyzeck, esse que é a única personagem que não passa por esse altar.
- Uma carroça que invade diversas cenas de formas e funções diversificadas.
- Uma trincheira de guerra proporciona o acabamento da imagem, prendendo os atores na cena, e ampliando as variações de imagens e marcações.





Busca pela unidade do espaço

Como forma de resolver e proporcionar uma unidade espacial proposta pelo diretor Emerson Antunes, utilizei dos tons monocromáticos diversificando nas formas, mas fortalecendo a proposta cênica através do marrom.

Esse foi meu primeiro trabalho com cenografia, e um dos mais relevantes na minha carreira, foi através do texto de Buchner que iniciei um processo de materialização de uma imagem criada pela leitura de um livro. Essa sensação é o que torna mágico o trabalho de um cenógrafo, a construção de um lugar imaginário que será habitado.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Segunda

A imagem é uma criação pura do espírito. Ela não pode nascer da comparação, mas da aproximação de duas realidade mais ou menos remotas. Quanto mais longínquas e justas forem as afinidades de duas realidades próximas, tanto mais forte será a imagem – mais poder emotivo e realidade poética ela possuirá. (trecho do Manifesto Surrealista - André Breton - 1924)

Buscarei através de idéias e conceitos sobre o que é imagem entender o olhar e o entendimento pessoal do individuo, cada imagem é capaz de transmitir o que e a quem?
Tendo como foco a imagem cênica, para que ela serve? Será que uma cenografia transpõe uma realidade emotiva e real de uma atmosfera "inexistente" ?

Primeira

"Objetos de Arte são tristes e vazios pedaços de matéria pendurados no escuro
enquanto ninguém os olha. O artista faz somente metade da obra o observador
faz o resto" (Vik Muniz)


A cenografia é assim, um objeto de arte, muitas vezes só mais um elemento quando
fora do contexto e do olhar do público.

O ser humano é assim, um objeto de arte, quando deslocado do seu contexto e do
olhar do público, sofre a necessidade de ser percebido e alterado através da relação
entre público. ser.imagem