segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quem nasceu primeiro o amor ou a Galinha?

Em noites de inspiração às vezes tenho medo das coisas que podem sair da minha cabeça, em um amplo momento de reflexão sobre a vida me rompe os pensamento a enigmática figura do Ovo.
O Ovo é um Zigoto dos animais, usado como alimento desde a Pré Historia, fonte de vida e de alimento para vida, poético e frágil! Assim como a bela imagem do que chamamos de Amor!
O Amor assim como o Ovo pode ser preparado de inúmeras maneiras, às vezes é bom às vezes não, tem gente que gosta de um jeito e tem gente que gosta de outro, mas quase todo mundo gosta, nem que seja na sutil integração entre a farinha e o leite em uma massa de bolo.
O Amor assim como o Ovo é frágil, se trincar sai toda a sua gosminha amarela de dentro deixando difícil achá-lo bonito novamente.
Assim como no Amor o Ovo é um caixinha de surpresas, sempre corre o risco de estar estragado!

E para concluir essa sessão pão com ovo em meu singelo blog deixo às sabias palavras musicadas pelo grande mestre Chico Buarque “Todo Ovo que eu choco, me choco de novo, todo ovo é a clara é a cara o vovô, mas fiquei bloqueada e agora de noite só sonho gemada!”

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O inexistente existente

Sempre que não consigo distinguir minha relação com os acontecimentos busco através de tentativas raras escrever sobre confusões freqüentes. Escrevo sobre o que me tira o sono, ou, sobre o que me dá bons sonos!
Especificidade no conhecer, no acontecer, no acolher, mas, sobretudo no ser. No ser único, diferente de todas as outras formas de ser que até então eu havia conhecido.
O texto escrito em folhas sem linhas, a necessidade de uma objetividade individualista, o silêncio necessário que tenta ser abolido e busca através de sua intensidade resolver o inexistente, resolver o que aparentemente não existe para ser resolvido, mas que insiste incessantemente em existir, e ocasiona a sensação de duvida, se o inexistente existe ou não?
A veracidade do inexistente está relacionada à intensidade que os sentimentos acontecem.
Defini de maneira inconsciente criar meu próprio mundo, quer ele exista, ou não, nada que pertence a ele é pouco, ou medíocre. Nem tudo que crio é bom, o ato de criar mundos pode oscilar e às vezes crio monstros que podem comprometer minha própria existência. Mas indiferente do que crio perpetua a intensidade, às vezes carrego comigo pessoas de verdade, que sabem, ou não, viver no meu mundo.
Às vezes tenho medo de quem explora meu mundo sem saber o que existe nele, e o julga previamente, por uma pressa e necessidade compatível a intensidade que o carregou para ele. Permitir que habitem seu mundo é permitir se deixar habitar-se por outro.
Não aprendi ainda a dosar o que acontece, ou não, dentro dele, mas aprendi a definir o que eu quero, ou não, que aconteça dentro dele. Meu paradeiro está em carinhos desinteressados, em surpresas sem propósito, no silêncio que anula o questionamento ou o julgamento desnecessário, em palavras escritas em papeis baratos, em flores colhidas em canteiros na rua, na vontade de estar junto e na falta de sentir-se só, meu paradeiro está na liberdade, mas, sobretudo, na simplicidade de se estar em paz. No mundo que criei não existem portas, existe a liberdade de se criar junto, o desejo de querer fazer parte dele, ou não.



terça-feira, 20 de julho de 2010

As traças

Assim como nesse espaço de textos escritos em cores de barro, minha vida encontrasse ao Deus dará, entregue as traças secas escondidas no ultimo livro, da ultima prateleira da biblioteca que está fechada há anos.
Recorro ao sépia que divido com aqueles que se interessam pelas cores que passam ou não por minha vida, pelos dias em cores intensas e contrastantes ou pelo simples dia cinza e pálido como hoje. A indiferença de um dia cinza pode empalidecer meses.
Em dias cinza o melhor dialogo é a respiração tranqüila de quem lhe quer bem, não existem motivos, nem tão pouco justificativas à ausência de cores, mas existem maneiras de que essas se renovem ainda mais intensas do que eram antes ou se apaguem de vez.
Minhas cores andam sozinhas, vivem sozinhas, minhas cores gosta de teatro, de cultura popular, de dançar ciranda e de escovar os dentes deitada, elas também gostam de andar pelo mundo, de não comer carne, de dormir com a porta aberta e de receber carinhos livres de qualquer interesse, minhas cores gostam de estudar, falar sobre as grandes teorias do teatro e de se envolver em tudo que vive. Minhas cores se emocionam com pequenos gestos, com uma pequena lembrança, com brilho no olho, com surpresas, com números de mágica, de palhaços e de circo. Mas elas se perdem na solidão de estar acompanhada, no cotidiano espontâneo, no cansaço e na necessidade do trabalho, na ausência do silencio... Elas sem querer se perdem... na falta da respiração tranqüila....
Todas as pessoas são feitas de cores, algumas em tons pastel, outras em fluorescentes, mas todas passam por dias cinza... Em diferentes proporções... Mas sempre passa.
Não sou, nunca fui e não pretendo ser uma mistura previsível e harmoniosa de cores desinteressantes, eu crio minhas combinações a cada dia, mesmo porque se juntarmos todas as cores quase sempre obteremos o famoso “cor de burro quando foge”.

domingo, 23 de maio de 2010

O Manu não queria falar “tchao”!


Esse título foi plagiado da fala de um amigo, pela primeira vez tive dificuldade em criar um nome para minha postagem, nada fácil conseguir decifrar tudo que aconteceu nessas ultimas 24 horas, é algo ilusório que minha mente ainda não conseguiu organizar. Provavelmente esse texto terá inúmeros erros e falta de coesão devido o momento desconecto entre meu físico e meu raciocínio. Mas vou tentar, pois não seria justo anular tudo que aconteceu por um simples chegar em casa e dormir.

As ruas do centro de Araraquara foram tomando formas mais coloridas.... lentas.... leves.... mudanças de percepções sonorizadas por um DJ vindo de não sei onde e indo para algum lugar, pois sempre que não sabíamos qual a próxima atração estava lá o Tahira.
Intervenções de grafite tomavam formas junto ao show de uma banda que eu nunca tinha ouvido falar, mas que meia dúzia de emos cantava freneticamente, uma mistura de Copacabana e Club, seja lá o que isso possa ser!

Os Rélpis, dentro de uma linha Los Hermanos de ser, agir e se vestir, segurou uma viagem paralela por um circo armado de pessoas sem definição.

Se não tem o B de Barbatuques vai o B Brasov que transferiu uma energia quântica que hipnotizou a praça, em especial um casal que bateu de frente e sangrou e desmaiou, lá vai SAMU que não vai!
Três chapéus de duendes chamam a atenção e a identificação para o acidente anteriormente citado. (parênteses) Compramos chapéus de um hippie muito louco, e passamos a virada de orelhas quentinhas e muito bom humor por apenas 3 por R$40,00 (fecha parênteses).

Duendes vão se agregando ao nosso bando, Lenine começa: “O dia em que “ocê” foi embora eu fiquei sozinho no mundo sem ter ninguém” contextualizando - a ultima vez que havia visto Lenine havia sido em Ouro Preto, essa musica foi o hino de um período de desprendimento e muito amor. Dentro da rede e na pegada do hoje eu quero sair só, o show se dissolveu ao frio que incorporava a madrugada servida por uma lua crescente de dar inveja às estrelas.

Voltamos para o circo dessa vez formado por pessoas mais indefinidas ainda, Picasso ficaria inspirado em meio a tantas desfigurações, não me isento dessa afirmação, The Caravan inicia sua apresentação e começa a brincadeira de virar sorvete aliada a um sono que vinha na missão de “bodear”.

Assim como já disse, quando não se sabe o que terá se tem DJ Tahira, a brincadeira de virar sorvete foi se intensificando! Hora de se recolher, e uma nova brincadeira surge em nosso repertório, a de esconde-esconde de hotel, tem que sair procurar em 10 segundos e se não achar perde o jogo! Chuveiro quentinho, caminha macia, silêncio, café da manhã melhor que de casa de mãe! Nossa!!! Eu pago feliz, não há necessidade de querer ser alternativo o tempo todo, já estava underground acima da minha média.
De volta à praça após minha imagem ter saído de um Picasso e voltado a um Botticelli, o sol e o calor latente começa a derreter o jogo da rede e o Zunzunzum de onde tem marimbondo, que esboçava a roda de capoeira, a Cia dos pés faz os meus caminharem para fora da Praça e ir procurar um lugar para almoçar!

Novamente na praça, eis que me embarco em uma linda ciranda sonorizada por Socorro Lira, onde o sol brilhava mais que a pedra do anel do cirandeiro, o calor aliado ao contexto fortalecia as diferentes percepções do momento.
Foi? Fui! Comprastes? Comprei? Me diz quanto foi? Foi descobrir que criança é bom servida com batata e que ainda dá para se preparar no microondas! E que o circo teatro Rosa dos Ventos tem um trabalho formidável de Rua.


Direto de Recife um cheiro bom de Chico Buarque com meninos doces que cantam primavera e trazem cheirinho de alecrim, sem deixar ir a mais linda roseira que há, não me incomodo em ouvir se falar que sou a fã paulista número um, essa Carolina gosta do que é bom e não gosta de ver o mundo passando pela janela.

Em meio a inúmeras sensações, eis que surge o Manu, singularmente impressionante, ele realiza um show de quase duas horas em parar para respirar, com uma energia que poderia ser tocada, ele faz de Clandestino o hino da Virada “Solo voy con mi pena, sola va mi condena, correr es mi destino, para burlar la ley” o entusiasmo para o grito da “MariaJoana” era tanto que o bis do show teve mais de 40 minutos. Na famosa fila do gargarejo defronte as caixas a vibração sonora alterava meu organismo e seu raciocínio, que neste momento limitava-se apenas a sentir.

Escrevi o indescritível, não entendo nada do que eu senti, mas nesses momentos entendo porque me propus a fazer Arte.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Surgimento da Demanda


Recém chegada a Terra do Nunca, essa criatura que vos escreve se alista para sua primeira guerra em uma pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar, na ingenuidade de menina e na humildade de querer se sentir útil, como se tivesse naquele momento como a maior meta de sua vida ser uma monitora do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, fórum das Artes.... e confesso que realmente era.

Ao ver que eu iria me tornar uma laranjinha, cor da camisa da equipe de eventos (aliás, as cores das camisas dos monitores sempre foram escolhidas e tons aprimorados) eu senti tanta felicidade, mas tanta felicidade que me recordo ter sentido algo parecido somente duas vezes na minha vida, uma quando ganhei a casa da Barbie e outra quando meus pais me deram uma máquina de lavar roupas. Ser uma laranjinha não tinha preço.

Existem certas alegrias que podem até serem sofridas junto ao vento que batinha naquela Praça da UFOP, e congelava os coitadinhos dos monitores que de laranjinhas ficavam todos roxinhos, arrastando grades de palco por todos os lados do rigoroso inverno ouropretano.

Os 30 dias passaram junto aos melhores shows da minha vida, até chegar o ano seguinte.

Aquela pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar não tinha mais o poder do alistamento, nesse momento já não me interessava quem lhe tinha, eu havia sido uma boa carregadora de grades e já sabia usar o rádio, e tinha um casal de curadores que me adoravam e me colocaram para estagiar. Estes amigos, anjos e desorientadores que me ensinaram tudo que eu aprendi sobre produção, porque eles não sabiam nada, ou seja, era as estagiárias quem fazia, logo aprendi na marra e vestida de verde limão a fazer check list, planilha, programação, e usar os termos “pepino” “abacaxi” e o soberano “demandas”.

Os 90 dias passaram junto aos melhores shows e espetáculos de teatro da minha vida, até chegar o ano seguinte.

A pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar estava fechada, e eu que já nem sabia quem alistava os verdadeiros guerreiros, porque eu já havia agregado o poder do check list na minha vida e o curador seguinte me colocou para receber o poder do rádio, junto aos tickts e o feliz crachá de acesso livre, tão almejado em meus tempos de laranjinha! Agora eu era uma feliz vermelhinha já podia vazar livremente pelos cortejos que insistiam em complementar a programação.

Os 120 dias passaram junto aos melhores shows, espetáculos de teatro, circo e dança da minha vida

Mal sabia eu que a pequena sala do Pátio desbotado do Castelo de Guiomar se reabriria sob o meu comando e que eu alistaria um exercito, livre de qualquer cor fluorescente. A produtora mais exigente do festival me colocou na escuta como sua assistente, se nesses últimos 3 anos houvesse ficado alguma dúvida sobre o que é fazer um check list, ou sobre algum botão do rádio, ou sobre como fechar uma programação ou até mesmo em identificar um hortifrutigranjeiro durante uma produção cultural, estas teriam se partido junto aos últimos melhores shows, espetáculos de teatro, circo, dança, cinema e cortejos da minha vida.

domingo, 9 de maio de 2010

Momento sépia com azul, em busca de cores de mãe

Pingos de água enchem a um balde que ajuda a clarear as manchas por onde passo, em frente minha casa outros passos anulam o meu individualismo, paredes que dividem nossas intimidades se rompem, minha vizinha.
Nesse momento me vejo como uma discípula de Minas perguntando espontaneamente “ta boa?!” quando aqueles mesmos passos que anulavam as gotas que caiam no balde retrocederam, e assim me respondeu: “Não!”
Aproximei-me do portão e nem pensei em indagar um “por quê?” e a reposta veio em lagrimas, “minha mãe faleceu!” Durante alguns segundos essas palavras ecoaram em mim e qualquer som que ressoasse naquele momento seria nada perto do que estava acontecendo no meu interior, sei que pessoas morrem todo dia o tempo todo, mas mãe não deveria, poderiam ser todas as pessoas menos as mães.
Um filme sem roteiro se estabelece na minha cabeça, e perguntas saltam sem medo da queda, incessantemente. Qual a relação que tenho com minha mãe? Quanto tempo que não vejo minha mãe? Como estão os valores que ela me ensinou? O que dela carrego comigo? Eu vivo o quanto deveria com quem me possibilitou a vida? Quais cores minha mãe tem?
Em apenas um segundo infinitas perguntas dividiam minha atenção, coração e razão. Não sei responde-las sem que meus olhos fiquem mareados, não as faço para serem respondidas e sim para causarem sensações, para que todos aqueles que tenham suas mães consigo transformem sensações em demonstração de amor e que nunca pensem em sua ausência que deveria ter feito diferente, não é por nada, mas o presente não tem nada com isso! Cores é que tem!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Começo e meio sem fim



Em mais uma noite de minhas comuns insônias, reflito sobre minha realidade e minhas realidades inventadas, e destas reflexões percebi que possuo um blog que só diz sobre meu trabalho, minhas imagens, culturas, vejo que chegou o momento de depositar minhas máscaras criadas junto aos elementos cênicos que carrego aos mundos que imagino e me insiro para fugir do cotidiano.
Ao religar o computador vi minha imagem refletida, cabelos ruivos que emolduram uma pele pálida e lados vermelhos intensificados por um forte resfriado que me consome, como pano de fundo uma cama de casal. Casal?

Comecei a refletir sobre amores inventados, sobre a diferenciação de estórias e histórias que vivi. Sensações que no ápice de nosso egoísmo nos dá certeza de ser somente nossa. Verdade inventada que corresponde a inúmeras mentiras. Surge então a descrição dos amores inventados, ou não!

O anjo, condutor do amor ingênuo, ama-se criança e permanece criança! Beijos na testa que atestam respeito absoluto, o toque suave no pegar das mãos, o apoio incondicional ao próprio sofrimento, se lhe for necessário a felicidade do outro.

O Primeiro “cafa”, aconteça o que acontecer ele nunca aconteceu, por mais que você ache que sim, é ele quem te faz sentir-se a mulher mais desejada do mundo, quem te ensina a beber vinhos, sonoramente conduzidos por Chico Buarque e monumentais exibições de carências, essas que te fazem sentir-se a mulher importante do mundo. Mas que no momento oportuno para ele some, por algum motivo admiravelmente obscuro, te fazendo senti-se a mulher mais idiota do mundo.

O Marido, perfeito em tudo, até que se provem o contrário. O dono do dividir, a casa, a cama, o banheiro, a cozinha, a sujeira da cozinha, e sobretudo a paciência, que vai embora e fica pela metade também. Casamento é monumetar defeitos e qualidades vence aquele que se sobressair, e que não deixe a distancia separar, mesmo ele ainda sendo perfeito.

O segundo “cafa”, regido por uma admiração momentânea e absoluta pelo novo, eis que surge o bom moço! Assim como um bom “cafa” confuso, bom amante, boêmio, admirador de boa musica, só que esse te ensina a beber cerveja. Compõe um romance tão secreto capaz de esconder de nos mesmos que este possa algum dia ter existido. Uma amizade de irmão regada a carinho que tenta proporcionar um entendimento do obscuro. Só que esse não some, somente esquece, e sempre tenta lembrar quando acha que lhe convêm.

O palhaço, entre todas as misturas masculinas eis a mais complexa de todas, um amor momentâneo, que te deixa confundir-se com inexistente, uma tentativa mentirosa em rir-se em um picadeiro verdadeiro, uma paixão improvisada de final certo, um tempo contido dentro de um nariz vermelho, e um fim exibido pela televisão, desculpas e invenções mal formuladas que cabem dentro de um fusca com mais 12 anões.

O menino, fugido da casa dos pais nas altas da madrugada, aparece sem muitas conversas, mas com inúmeras sensações surreais. Como em um filme, roteiros ilustravam encontros, que se perderam em meio às conversas virtuais que nunca mais se materializaram.

O terceiro “cafa”, com um gosto doce e amargo de nicotina, este como todos os outros te faz sentir-se a mulher mais desejada do mundo, só que de forma direta e objetiva, este só te ensina beber no máximo uma coca-cola, não dá tempo para esperar um vinho. Intensidade movida por vontades te faz por alguns momentos acreditar em “amor” a primeira vista. Bobagem protocolos serve para serem quebrados, mas não rasgados.

O Don Quixote, na ingenuidade da distancia uma tentativa singela do que podemos chamar de amor, o carinho colorido e a vontade de experimentar ficar junto, motiva uma tentativa quase impossível de se concretizar. Mas que em pequenos passos como os de Charlie Chapin nos leva a um altar de incertezas.


Preciso escrever mais, inventar mais, amar mais, viver igual! Mas meus lábios e olhos ardem de forma justificáveis pelo forte resfriado que insiste em não me deixar dormir, em noites como essas pensamos em verdades inventadas e de forma comum amplia-se espaços vagos em meu corpo e em meu colchão.






terça-feira, 20 de abril de 2010

Colhendo os Frutos Coloridos

Sabendo da necessidade de fomentar a Cultura e desenvolver a formação de público em nossa cidade, a Secretaria de Cultura de Jaú em seu primeiro ano de gestão tem desenvolvido um intenso trabalho nesse aspecto, o resultado deste se vez visível no domingo dia 11 de abril no parque do Rio Jaú na apresentação do espetáculo Luna Parke da Cia. La Minima de Circo Teatro.
Luna Parke foi mais uma das atrações realizadas através de parcerias desenvolvidas pelo Secretaria de Cultura de Jaú e a Secretaria do Estado de Cultura pelo Circuito Cultural Paulista, mas esse espetáculo teve um gosto diferenciado pois através dele vimos a materialização de uma política cultural bem desempenhada, após a montagem do singelo cenário da Cia. Paulistana começou a se formar um espaço cênico mais amplo, que foi se alastrando pelo Parque e tomando conta das pessoas que pela Avenida passavam, e de repente, crianças, jovens e senhores já faziam parte do espetáculo, mas de 400 pessoas pararam e passaram por essa atmosfera, rindo e se emocionando.Mais do que assistir a um espetáculo, a forma como esses tem chegado à população de Jaú, tem feito com que o público se envolva e assim tenha a necessidade de vivenciar esses momentos diversas vezes.
Outro bom exemplo de trabalho de formação de público é o projeto “De quem é essa história?” uma parceria da Secretaria de Cultura com o SESC Araraquara, além de proporcionar o interesse pelas Artes Cênicas através da contação de História com teatro de bonecos, esse projeto estimula a leitura trazendo autores da literatura infantil para perto do universo das crianças da rede publica de ensino, em cada apresentação contamos com um publico de 640 crianças entre 6 a 12 anos, pessoas que estão adquirindo o habito de ir ao teatro e a biblioteca, e que certamente darão continuidade ao que está sendo semeado.
No teatro Municipal Elza Munerato o trabalho de formação está sendo feito através de uma seleção de espetáculos de qualidade para compor uma programação atraente e democrática, durante o mês de março contamos com a realização de espetáculos premiados que deram início a uma temporada que promete excelentes espetáculos no decorrer de 2010. Nas duas primeiras semanas de março mais de 2mil pessoas passaram pelo teatro.
Atualmente a Secretaria de Cultura de Jaú busca diversos parceiros e programas de fomento cultural, temos como parceiros o SESI através do seu Circuito Cultural com um convênio onde neste ano receberemos 11 espetáculos de musica, teatro, dança e circo, dentro desta linha também contamos com o Circuito Cultural Paulista com mais 16 espetáculos, além de ProACs, Atendimento Técnico aos Municípios, SESC. Enfim para fortificar e ampliar esse trabalho voltado à formação de publico a Secretaria de Cultura pretende continuar essas ações de forma que amplie e se consolide no Festival de Artes Julho Cultural, e desta forma faça com que a população de Jaú usufrua desses eventos o ano todo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

CINCO SEGUNDOS

Um querido amigo me enviou esse texto, e vi que era um dos textos mais lindos que havia lido e por isso resolvi publicar.... cinco segundos não precisa de imagem alguma pois é inevitável que essas se criem naturalmente...




Cinco Segundos

“Foi num dia daqueles em que o centro fica vazio e o pessoal do escritório joga papel picado pela janela. Final do ano e do expediente. Você apareceu, sorriu meia dúzia de amigas e sentou na mesa ao lado. Bebeu cerveja de garrafa e comeu amendoim, cabelo preso num coque. Depois de você ali, a cidade calou. No meio do povaréu, pude ouvir seus dentes quebrando os amendoins, goles descendo pela sua garganta, cílios se roçando num piscar de olhos.
Sua chegada condenou toda aquela gente a morte instantânea.
Naquele momento, fiquei sabendo de tudo. Que iríamos nos conhecer em cerca de meia hora, quando eu me levantasse para tentar falar bonito, entre goles e nossos olhares de espadachim. Sabia que treparíamos poucos dias depois como dois desesperados, pais de filhos natimortos, nos enlevando como quem precisa. Fiquei sabendo, olhando para você na outra mesa, que nossa persistência mútua seria comparável a teimosia de ditadores, cães loucos e donas de casa. Que nosso amor arrancado a fórceps seria perdido para ser encontrado depois, reencontrado depois, muitas vezes, quantas vezes fosse preciso.
Sabia que brigaríamos como nunca fizemos com ninguém antes, e nos xingaríamos de nomes que você teria vergonha de contar até para si mesma. Mas depois faríamos as pazes, doentes de paixão. Bêbados, dançando e rindo do que só nós dois poderíamos entender. Trocando a noite pelo dia, trancados por semanas em casa, ouvindo música, vendo filmes, dormindo abraçados. Sabia que, rapidamente, ganharíamos intimidade: banheiro de porta aberta, beijo sem escovar os dentes, você fazendo café de calcinha. E sabia que você diria, alguns meses depois, que eu era o melhor amante que você já teve. E que nunca mais iria querer outra pessoa.
Antes de você terminar a cerveja do seu copo, eu já sabia como iria gostar de ouvir todas essas mentiras.
E como iria te retribuir com outras.
Mesmo assim, apesar e por causa disso, ficaria ciumento e obsessivo como um psicopata de cinema. Faria perguntas insidiosas sobre seu passado, ex-amantes e namorados. Sobre quem te levou para a cama, e quem te deixou lá. Descobri que ficaria com taquicardia e mãos trêmulas ao imaginar você com outra pessoa, no futuro ou no passado. Descobri que você iria despertar o meu melhor e o meu pior, em proporções igualmente febris. E que também iríamos superar isso.
Você me ensinaria, com seus modos calados, a viver melhor. Tomar banho lavando as costas, comer várias vezes por dia, pensar menos. Você iria combater meu impulso suicida contra o nosso amor. Não sei se você chegou a descobrir isso ainda, mas não é que o amor simplesmente acabe. O amor é morto em dias claros como esse. Carrega em si a semente desse assassinato. Às vezes o crime é culposo. Em outras, cheiramos a fumaça que sai do buraco da bala com prazer dissoluto. Mas o normal é que seja morto corriqueiramente, como um tropeço. Com você seria diferente. Descobri, só de olhar o jeito do cabelo cair na sua testa, que você lutaria até o fim para que eu não esquartejasse o nosso amor. Você iria conseguir.
Sabendo disso tudo, foi como se não tivesse escolha. Deixei uns trocados na mesa, levantei e lancei um último olhar na sua direção, já quase virando a esquina. Em alguns meses, esqueci dos seus olhos verdes e, com eles, tudo que descobri, em não mais que cinco segundos, num dia daqueles em que o centro fica vazio e a gente do escritório joga papel picado pela janela.
O amor é morto em dias claros como esse.”
[João Paulo Cuenca]

sexta-feira, 5 de março de 2010

Cultura não é só no mês de Julho


As pessoas das cidades do interior possuem o estranho habito de achar que as atividades culturais dessas localidades existem somente em determinados períodos do ano, no caso da cidade de Jaú as pessoas só lembram da existência do Teatro Municipal durante o mês de Julho para espetáculos e em dezembro para as formaturas.
Como diretora de Artes Cênicas desse município há mais de um ano, expresso minha preocupação, e crio esse texto para obter opiniões em como modificar esse quadro.
Atualmente temos uma programação de excelente qualidade, mas fora do eixo televisivo (artistas globais), no ano de 2009 recebemos pelo Circuito Cultural Paulista grupos como: Folias D´art, Teatro Vento Forte, Circo Vox, Furunfunfum, Parlapatões, Ballet Stagium, Badi Assadi, entre vários outros e nenhum desses atingiu o publico que tivemos durante o Julho Cultural.
Não podemos desconsiderar que esse evento acontece em Jaú há 18 anos, e por isso já faz parte da identidade cultural enraizada ao município, mas se a população sente necessidade em assistir espetáculos nesse mês porque não assistir no restante do ano?
Agora em 2010 temos como plano de trabalho o desenvolvimento de uma programação mensal no teatro municipal, possuímos como meta despertar o interesse para eventos artísticos no cotidiano das pessoas, trabalho árduo de formação de publico que poderá ou não dar resultados.
Para iniciar esse trabalho na próxima semana teremos a realização de dois espetáculos através ProaC, Programa de Ação Cultural da Secretaria do Estado de Cultura, esse programa tem como objetivo incentivar a criação e a circulação de espetáculos em todo o Estado. A prefeitura de Jaú se sente orgulhosa em fechar essas parcerias e através desses espetáculos proporcionarmos ações culturais de alto nível para sua população.

Dos Espetáculos:




Heiner Muller em repertório 11/03 às 20h30m
Espetáculo constituído de uma linguagem teatral contemporânea através de uma convergência de linguagens como, dança, teatro, vídeo, musica eletrônica e moda para abordar temas como a mercantilização e as guerras.
A montagem desse espetáculo tem por objetivo divulgar e celebrar a obra de um dos maiores autores do século XX, através de uma montagem que reúne as peças mais significativas de sua obra e, principalmente, facilitando o acesso à população disponibilizando entradas gratuitas.
A Companhia Nova de Teatro vem se destacando na cena cultural paulistana por dedicar-se à pesquisa da cena visual, ou seja, trata-se de um espetáculo que busca o aprimoramento do uso da imagem.


Porque a criança cozinha na polenta 13/03 às 20h30m
Trata-se de um dito romeno, equivalente ao “bicho papão” no Brasil. Esse dito assombrará a menina nos momentos cruciais de sua vida
O texto autobiográfico da Romena Aglaja Veteranyi encenado pela Cia. Mungunzá de teatro arrebatou mais de 24 prêmios no segundo semestre de 2009.
O diretor do espetáculo Nelson Baskerville optou por uma linguagem épica, forma de teatro didático que faz com que o espectador se identifique comas personagem através do distanciamento, desta forma “Porque a criança cozinha na polenta” permite que os atores se revezem por vários personagens.