domingo, 13 de fevereiro de 2011

Para aqueles que viraram luz...


Há tempos não sou impulsionada pela vontade de externar meus sentimentos, mas hoje uma inundação tomou conta de mim, e não encontrei outra forma de me restabelecer sem ser essa.
Sinto em mim um desgoverno capaz de me fazer perder a noção de começo, meio e fim. Mas irei insistir em tentar manter a ordem. Tudo começou com um forte resfriado que há dias insistia em me anular, febre, dores e decisões inapropriadas para serem tomadas nesse instante. Uma angústia fortalecida pelo desejo de ficar sozinha, contraposto a um de não ficar sozinha nenhum instante.
Sexta-Feira, por volta das 14h uma notícia, acompanhada de inúmeros sentimentos até então desconhecidos. Desprendida de qualquer empecilho, cerca de 6 horas depois, estava eu na frente da maior tristeza que já havia sentido na minha vida, até este momento, pois, não sentia somente minha dor, durante alguns longos instantes minha cabeça foi bombardeada de tantas lembranças, e cada abraço e considerações de traziam uma sensação de nada.
Dentro do nada se restabelece à figura do anjo, transpondo um apoio incondicional ao próprio sofrimento, em prol a um pedido cruel e necessário do maior amor da sua vida, e prontamente atendido, utilizando-se de uma força incomum a qualquer outro.
Entre um excesso de incompreensão, me perco novamente no nada, e tenho a sensação de que não conseguirei..... nada.....
Tentei organizar meus pensamentos novamente, mas nada que me dissessem poderia ultrapassar o meu desentendimento pleno, nesse instante meu guia era uma voz que vinha de algum lugar imaginativo que insistia em repetir, "fique calma filha".
Após anos de pensamentos concentrados em uma única noite, o caminho, a tampa e o anjo apoiado pelo alívio em anular a dor do seu amor, e transformá-la em sua própria.
Aqueles que viram luz são aqueles capazes de anular os sofrimentos das pessoas, durante anos, tudo que me angustiava era sentido, por aquele que sempre me ajudou a fazer com que meus anseios se perdessem em meio à luz. Durante alguns instantes me senti culpada em não ser capaz de retribuir da mesma forma.
Hoje acredito de forma plena e absolutamente inexplicável que existe um lugar onde ficam guardados nossos pensamentos, que pode ser traduzidos por alma, e esses pensamentos podem interferir em nossas vidas, sempre que nos fizermos permitir. Isso faz com que talvez um dia viraremos luzes e que aqueles que viraram luzes se tornem eternos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quem nasceu primeiro o amor ou a Galinha?

Em noites de inspiração às vezes tenho medo das coisas que podem sair da minha cabeça, em um amplo momento de reflexão sobre a vida me rompe os pensamento a enigmática figura do Ovo.
O Ovo é um Zigoto dos animais, usado como alimento desde a Pré Historia, fonte de vida e de alimento para vida, poético e frágil! Assim como a bela imagem do que chamamos de Amor!
O Amor assim como o Ovo pode ser preparado de inúmeras maneiras, às vezes é bom às vezes não, tem gente que gosta de um jeito e tem gente que gosta de outro, mas quase todo mundo gosta, nem que seja na sutil integração entre a farinha e o leite em uma massa de bolo.
O Amor assim como o Ovo é frágil, se trincar sai toda a sua gosminha amarela de dentro deixando difícil achá-lo bonito novamente.
Assim como no Amor o Ovo é um caixinha de surpresas, sempre corre o risco de estar estragado!

E para concluir essa sessão pão com ovo em meu singelo blog deixo às sabias palavras musicadas pelo grande mestre Chico Buarque “Todo Ovo que eu choco, me choco de novo, todo ovo é a clara é a cara o vovô, mas fiquei bloqueada e agora de noite só sonho gemada!”

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O inexistente existente

Sempre que não consigo distinguir minha relação com os acontecimentos busco através de tentativas raras escrever sobre confusões freqüentes. Escrevo sobre o que me tira o sono, ou, sobre o que me dá bons sonos!
Especificidade no conhecer, no acontecer, no acolher, mas, sobretudo no ser. No ser único, diferente de todas as outras formas de ser que até então eu havia conhecido.
O texto escrito em folhas sem linhas, a necessidade de uma objetividade individualista, o silêncio necessário que tenta ser abolido e busca através de sua intensidade resolver o inexistente, resolver o que aparentemente não existe para ser resolvido, mas que insiste incessantemente em existir, e ocasiona a sensação de duvida, se o inexistente existe ou não?
A veracidade do inexistente está relacionada à intensidade que os sentimentos acontecem.
Defini de maneira inconsciente criar meu próprio mundo, quer ele exista, ou não, nada que pertence a ele é pouco, ou medíocre. Nem tudo que crio é bom, o ato de criar mundos pode oscilar e às vezes crio monstros que podem comprometer minha própria existência. Mas indiferente do que crio perpetua a intensidade, às vezes carrego comigo pessoas de verdade, que sabem, ou não, viver no meu mundo.
Às vezes tenho medo de quem explora meu mundo sem saber o que existe nele, e o julga previamente, por uma pressa e necessidade compatível a intensidade que o carregou para ele. Permitir que habitem seu mundo é permitir se deixar habitar-se por outro.
Não aprendi ainda a dosar o que acontece, ou não, dentro dele, mas aprendi a definir o que eu quero, ou não, que aconteça dentro dele. Meu paradeiro está em carinhos desinteressados, em surpresas sem propósito, no silêncio que anula o questionamento ou o julgamento desnecessário, em palavras escritas em papeis baratos, em flores colhidas em canteiros na rua, na vontade de estar junto e na falta de sentir-se só, meu paradeiro está na liberdade, mas, sobretudo, na simplicidade de se estar em paz. No mundo que criei não existem portas, existe a liberdade de se criar junto, o desejo de querer fazer parte dele, ou não.



terça-feira, 20 de julho de 2010

As traças

Assim como nesse espaço de textos escritos em cores de barro, minha vida encontrasse ao Deus dará, entregue as traças secas escondidas no ultimo livro, da ultima prateleira da biblioteca que está fechada há anos.
Recorro ao sépia que divido com aqueles que se interessam pelas cores que passam ou não por minha vida, pelos dias em cores intensas e contrastantes ou pelo simples dia cinza e pálido como hoje. A indiferença de um dia cinza pode empalidecer meses.
Em dias cinza o melhor dialogo é a respiração tranqüila de quem lhe quer bem, não existem motivos, nem tão pouco justificativas à ausência de cores, mas existem maneiras de que essas se renovem ainda mais intensas do que eram antes ou se apaguem de vez.
Minhas cores andam sozinhas, vivem sozinhas, minhas cores gosta de teatro, de cultura popular, de dançar ciranda e de escovar os dentes deitada, elas também gostam de andar pelo mundo, de não comer carne, de dormir com a porta aberta e de receber carinhos livres de qualquer interesse, minhas cores gostam de estudar, falar sobre as grandes teorias do teatro e de se envolver em tudo que vive. Minhas cores se emocionam com pequenos gestos, com uma pequena lembrança, com brilho no olho, com surpresas, com números de mágica, de palhaços e de circo. Mas elas se perdem na solidão de estar acompanhada, no cotidiano espontâneo, no cansaço e na necessidade do trabalho, na ausência do silencio... Elas sem querer se perdem... na falta da respiração tranqüila....
Todas as pessoas são feitas de cores, algumas em tons pastel, outras em fluorescentes, mas todas passam por dias cinza... Em diferentes proporções... Mas sempre passa.
Não sou, nunca fui e não pretendo ser uma mistura previsível e harmoniosa de cores desinteressantes, eu crio minhas combinações a cada dia, mesmo porque se juntarmos todas as cores quase sempre obteremos o famoso “cor de burro quando foge”.

domingo, 23 de maio de 2010

O Manu não queria falar “tchao”!


Esse título foi plagiado da fala de um amigo, pela primeira vez tive dificuldade em criar um nome para minha postagem, nada fácil conseguir decifrar tudo que aconteceu nessas ultimas 24 horas, é algo ilusório que minha mente ainda não conseguiu organizar. Provavelmente esse texto terá inúmeros erros e falta de coesão devido o momento desconecto entre meu físico e meu raciocínio. Mas vou tentar, pois não seria justo anular tudo que aconteceu por um simples chegar em casa e dormir.

As ruas do centro de Araraquara foram tomando formas mais coloridas.... lentas.... leves.... mudanças de percepções sonorizadas por um DJ vindo de não sei onde e indo para algum lugar, pois sempre que não sabíamos qual a próxima atração estava lá o Tahira.
Intervenções de grafite tomavam formas junto ao show de uma banda que eu nunca tinha ouvido falar, mas que meia dúzia de emos cantava freneticamente, uma mistura de Copacabana e Club, seja lá o que isso possa ser!

Os Rélpis, dentro de uma linha Los Hermanos de ser, agir e se vestir, segurou uma viagem paralela por um circo armado de pessoas sem definição.

Se não tem o B de Barbatuques vai o B Brasov que transferiu uma energia quântica que hipnotizou a praça, em especial um casal que bateu de frente e sangrou e desmaiou, lá vai SAMU que não vai!
Três chapéus de duendes chamam a atenção e a identificação para o acidente anteriormente citado. (parênteses) Compramos chapéus de um hippie muito louco, e passamos a virada de orelhas quentinhas e muito bom humor por apenas 3 por R$40,00 (fecha parênteses).

Duendes vão se agregando ao nosso bando, Lenine começa: “O dia em que “ocê” foi embora eu fiquei sozinho no mundo sem ter ninguém” contextualizando - a ultima vez que havia visto Lenine havia sido em Ouro Preto, essa musica foi o hino de um período de desprendimento e muito amor. Dentro da rede e na pegada do hoje eu quero sair só, o show se dissolveu ao frio que incorporava a madrugada servida por uma lua crescente de dar inveja às estrelas.

Voltamos para o circo dessa vez formado por pessoas mais indefinidas ainda, Picasso ficaria inspirado em meio a tantas desfigurações, não me isento dessa afirmação, The Caravan inicia sua apresentação e começa a brincadeira de virar sorvete aliada a um sono que vinha na missão de “bodear”.

Assim como já disse, quando não se sabe o que terá se tem DJ Tahira, a brincadeira de virar sorvete foi se intensificando! Hora de se recolher, e uma nova brincadeira surge em nosso repertório, a de esconde-esconde de hotel, tem que sair procurar em 10 segundos e se não achar perde o jogo! Chuveiro quentinho, caminha macia, silêncio, café da manhã melhor que de casa de mãe! Nossa!!! Eu pago feliz, não há necessidade de querer ser alternativo o tempo todo, já estava underground acima da minha média.
De volta à praça após minha imagem ter saído de um Picasso e voltado a um Botticelli, o sol e o calor latente começa a derreter o jogo da rede e o Zunzunzum de onde tem marimbondo, que esboçava a roda de capoeira, a Cia dos pés faz os meus caminharem para fora da Praça e ir procurar um lugar para almoçar!

Novamente na praça, eis que me embarco em uma linda ciranda sonorizada por Socorro Lira, onde o sol brilhava mais que a pedra do anel do cirandeiro, o calor aliado ao contexto fortalecia as diferentes percepções do momento.
Foi? Fui! Comprastes? Comprei? Me diz quanto foi? Foi descobrir que criança é bom servida com batata e que ainda dá para se preparar no microondas! E que o circo teatro Rosa dos Ventos tem um trabalho formidável de Rua.


Direto de Recife um cheiro bom de Chico Buarque com meninos doces que cantam primavera e trazem cheirinho de alecrim, sem deixar ir a mais linda roseira que há, não me incomodo em ouvir se falar que sou a fã paulista número um, essa Carolina gosta do que é bom e não gosta de ver o mundo passando pela janela.

Em meio a inúmeras sensações, eis que surge o Manu, singularmente impressionante, ele realiza um show de quase duas horas em parar para respirar, com uma energia que poderia ser tocada, ele faz de Clandestino o hino da Virada “Solo voy con mi pena, sola va mi condena, correr es mi destino, para burlar la ley” o entusiasmo para o grito da “MariaJoana” era tanto que o bis do show teve mais de 40 minutos. Na famosa fila do gargarejo defronte as caixas a vibração sonora alterava meu organismo e seu raciocínio, que neste momento limitava-se apenas a sentir.

Escrevi o indescritível, não entendo nada do que eu senti, mas nesses momentos entendo porque me propus a fazer Arte.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Surgimento da Demanda


Recém chegada a Terra do Nunca, essa criatura que vos escreve se alista para sua primeira guerra em uma pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar, na ingenuidade de menina e na humildade de querer se sentir útil, como se tivesse naquele momento como a maior meta de sua vida ser uma monitora do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, fórum das Artes.... e confesso que realmente era.

Ao ver que eu iria me tornar uma laranjinha, cor da camisa da equipe de eventos (aliás, as cores das camisas dos monitores sempre foram escolhidas e tons aprimorados) eu senti tanta felicidade, mas tanta felicidade que me recordo ter sentido algo parecido somente duas vezes na minha vida, uma quando ganhei a casa da Barbie e outra quando meus pais me deram uma máquina de lavar roupas. Ser uma laranjinha não tinha preço.

Existem certas alegrias que podem até serem sofridas junto ao vento que batinha naquela Praça da UFOP, e congelava os coitadinhos dos monitores que de laranjinhas ficavam todos roxinhos, arrastando grades de palco por todos os lados do rigoroso inverno ouropretano.

Os 30 dias passaram junto aos melhores shows da minha vida, até chegar o ano seguinte.

Aquela pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar não tinha mais o poder do alistamento, nesse momento já não me interessava quem lhe tinha, eu havia sido uma boa carregadora de grades e já sabia usar o rádio, e tinha um casal de curadores que me adoravam e me colocaram para estagiar. Estes amigos, anjos e desorientadores que me ensinaram tudo que eu aprendi sobre produção, porque eles não sabiam nada, ou seja, era as estagiárias quem fazia, logo aprendi na marra e vestida de verde limão a fazer check list, planilha, programação, e usar os termos “pepino” “abacaxi” e o soberano “demandas”.

Os 90 dias passaram junto aos melhores shows e espetáculos de teatro da minha vida, até chegar o ano seguinte.

A pequena sala no Pátio desbotado do Castelo de Guiomar estava fechada, e eu que já nem sabia quem alistava os verdadeiros guerreiros, porque eu já havia agregado o poder do check list na minha vida e o curador seguinte me colocou para receber o poder do rádio, junto aos tickts e o feliz crachá de acesso livre, tão almejado em meus tempos de laranjinha! Agora eu era uma feliz vermelhinha já podia vazar livremente pelos cortejos que insistiam em complementar a programação.

Os 120 dias passaram junto aos melhores shows, espetáculos de teatro, circo e dança da minha vida

Mal sabia eu que a pequena sala do Pátio desbotado do Castelo de Guiomar se reabriria sob o meu comando e que eu alistaria um exercito, livre de qualquer cor fluorescente. A produtora mais exigente do festival me colocou na escuta como sua assistente, se nesses últimos 3 anos houvesse ficado alguma dúvida sobre o que é fazer um check list, ou sobre algum botão do rádio, ou sobre como fechar uma programação ou até mesmo em identificar um hortifrutigranjeiro durante uma produção cultural, estas teriam se partido junto aos últimos melhores shows, espetáculos de teatro, circo, dança, cinema e cortejos da minha vida.

domingo, 9 de maio de 2010

Momento sépia com azul, em busca de cores de mãe

Pingos de água enchem a um balde que ajuda a clarear as manchas por onde passo, em frente minha casa outros passos anulam o meu individualismo, paredes que dividem nossas intimidades se rompem, minha vizinha.
Nesse momento me vejo como uma discípula de Minas perguntando espontaneamente “ta boa?!” quando aqueles mesmos passos que anulavam as gotas que caiam no balde retrocederam, e assim me respondeu: “Não!”
Aproximei-me do portão e nem pensei em indagar um “por quê?” e a reposta veio em lagrimas, “minha mãe faleceu!” Durante alguns segundos essas palavras ecoaram em mim e qualquer som que ressoasse naquele momento seria nada perto do que estava acontecendo no meu interior, sei que pessoas morrem todo dia o tempo todo, mas mãe não deveria, poderiam ser todas as pessoas menos as mães.
Um filme sem roteiro se estabelece na minha cabeça, e perguntas saltam sem medo da queda, incessantemente. Qual a relação que tenho com minha mãe? Quanto tempo que não vejo minha mãe? Como estão os valores que ela me ensinou? O que dela carrego comigo? Eu vivo o quanto deveria com quem me possibilitou a vida? Quais cores minha mãe tem?
Em apenas um segundo infinitas perguntas dividiam minha atenção, coração e razão. Não sei responde-las sem que meus olhos fiquem mareados, não as faço para serem respondidas e sim para causarem sensações, para que todos aqueles que tenham suas mães consigo transformem sensações em demonstração de amor e que nunca pensem em sua ausência que deveria ter feito diferente, não é por nada, mas o presente não tem nada com isso! Cores é que tem!